quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Humilhação preventiva e humilhação punitiva

O maior entre vocês será aquele que se põe a serviço dos outros. (Jesus Cristo)

A humildade é uma virtude rara e difícil. A cultura que nos rodeia valoriza a soberba e não a humildade. Dá mais valor à roupa, ao nome, aos diplomas, aos anéis, ao dinheiro, ao “status” social, à pose, ao poder, à aparência, e não reconhece o valor da piedade, da santidade de vida e da modéstia cristã. O sucesso, os elogios e as palmas alvoroçam a vaidade latente e fazem a pessoa se esquecer de sua origem humilde e da ação da graça de Deus em sua vida. Daí a exortação várias vezes repetida: “Lembre que você foi escravo no Egito e que eu, o Senhor, seu Deus, o tirei de lá com a minha força e o meu poder” (Dt 5:15; 15:15; 24:22).

Além do mais, por sua natureza, a humildade tem de se alojar primeiro no íntimo para depois se exteriorizar. É uma virtude para Deus ver e não para os outros verem.

Pode parecer amargo, mas não há nada melhor para curar a falta de humildade do que a experiência da humilhação, que controla a altura da autoadmiração equivocada e exagerada. Em alguns casos, é o único tratamento que dá certo. Para curar a soberba do Egito e tornar o país “o mais humilde dos reinos” foram necessários quarenta anos de desolação e dispersão (Ez 29:1-16). Foi a humilhação do distúrbio mental que levou Nabucodonosor a passar algum tempo na companhia dos animais do campo, como se fosse um deles, que o curou. O tratamento só terminou quando ele aprendeu que Deus “pode humilhar aos que andam em soberba” (Dn 4:1-37).

Existe uma humilhação sem dor e outra muito dolorosa. A primeira é a humilhação “preventiva”. A própria pessoa se cuida continuamente, reconhecendo sua pequenez, sua fragilidade, suas limitações, sua dependência da misericórdia divina, da comunhão com Deus e dos exercícios devocionais (leitura proveitosa das Escrituras e prática da oração). Em seu segundo discurso a Israel à porta da terra prometida, Moisés fez a seguinte exortação: “Tomem cuidado para não ficarem orgulhosos e esquecerem o Senhor, nosso Deus, que os tirou do Egito, onde vocês eram escravos” (Dt 8:14, NTLH).

Já que a posição de Deus varia de acordo com a autoavaliação da pessoa (se ela é soberba, Deus se põe contra ela; se é humilde, Deus a trata com bondade), Pedro recomenda a humilhação preventiva: “Sejam humildes debaixo da poderosa mão de Deus para que ele os honre no tempo certo” (1Pe 5:6). No Sermão do Monte, Jesus dedica uma das bem-aventuranças à humildade -- as pessoas humildes receberão o que Deus tem prometido (Mt 5:5). O espinho na carne de Paulo nunca foi castigo. Era um medicamento para cortar os riscos de uma eventual soberba (2Co 12:7).

A humilhação punitiva só acontece quando não existe a humilhação preventiva. É uma lei inflexível: “Quem se engrandece será humilhado” (Mt 23:12). Uma das frases mais sucintas e mais sábias sobre esse tipo de humilhação é da lavra de Salomão: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda” (Pv 16:18). A paráfrase da Bíblia Viva é mais dura: “A desgraça está um passo depois do orgulho; logo depois da vaidade vem a queda”.

(Ultimato - Pastorais)

Porquanto, qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado. (Lc 14:11)

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

SERVIR: PRIVILÉGIO DE POUCOS...

É natural ao coração humano a busca de conforto, status, poder e tudo quanto vem agregado a estas realidades. Tiago, João e sua mãe foram até Jesus solicitar tais privilégios na consumação do reino de Deus. Jesus não disse nem que sim, nem que não, mas aproveitou para reforçar que o reino de Deus é reino de servos e, portanto, os servos são os verdadeiros governantes do mundo. No reino de Deus, o privilégio e o ônus de governar não é das “pessoas importantes”, mas dos servos, até porque, governar é servir. No reino de Deus, a maneira de governar não é exercendo domínio sobre os governados, mas servindo os governados, até porque, governar é servir. Na lógica do reino de Deus, o oposto também é verdadeiro: servir é governar.

Para servir é necessário sair da zona de conforto, isto é, fazer o indesejado, dedicar tempo para tarefas pouco atraentes, assumir responsabilidades desprezadas pela maioria, fazer “o trabalho sujo”, enfim fazer o que ninguém gosta de fazer. Para servir é necessário vencer o orgulho, isto é, se dispor a ser tratado como escravo, ter os direitos negligenciados, ser desprestigiado, sofrer injustiças, conviver com quase nenhum reconhecimento, enfim, não se deixar diminuir pela maneira como as pessoas tratam os que consideram em posição inferior. Para servir é necessário abrir mão dos próprios interesses, isto é, pensar no outro em primeiro lugar, ocupar-se mais em dar do que em receber, calar primeiro, perdoar sempre, sempre pedir perdão, enfim, fazer o possível para que os outros sejam beneficiados ainda que às custas de prejuízos e danos pessoais.

Não é por menos que em qualquer sociedade humana existem mais clientes do que servos. Servir não é privilégio de muitos. Servir é para gente grande. Servir é para gente que conhece a si mesma, e está segura de sua identidade, a tal ponto que nada nem ninguém o diminui. Servir é para gente que conhece o coração das gentes, de tal maneira que nada nem ninguém causa decepção suficiente para que o serviço seja abandonado. Servir é para quem conhece o amor, de tal maneira que desconhece preço elevado demais para que possa continuar servindo. Servir é para quem conhece o fim a que se pode chegar servindo e amando, de tal maneira que não é motivado pelo reconhecimento, a gratidão ou a recompensa, mas pelo próprio privilégio de servir. Servir é para gente parecida com Jesus. Servir é para muito pouca gente.

A comunidade cristã – a Igreja, pode e deve ser vista, portanto, como uma escola de servos. Uma escola onde aprendemos que somos portadores do dna de Deus, dignidade que ninguém nos pode tirar. Uma escola onde aprendemos que, por mais desfigurado que esteja, todo ser humano carrega a imagem de Deus. Uma escola onde aprendemos a amar, e descobrimos que, se “não existe amor sem dor”, jamais se ama em vão. Uma escola onde aprendemos que “mais bem aventurada coisa é dar do que receber”.

Servir é mesmo privilégio de poucos. De minha parte, preferiria ser servido. Mas aí teria de abrir mão do reino de Deus. Teria de abrir mão de desfrutar do melhor de mim mesmo. Teria de abrir mão de você. Definitivamente, me custaria muito caro. Nesse caso, continuo na escola.

(por Ed René Kivitz)

Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos. (Marcos 10:45)

Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. (João 13:15)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

CONFORTO, SENTIDO E VIDA

Nossa tendência natural é a busca pelo conforto, que surge da adaptação. Adaptamo-nos às situações e criamos hábitos. Mas o conforto não é bom, como pensamos, porque nossa alma não discerne facilmente entre a boa situação e a má situação antes de permitir que elas se estabeleçam. Assim, nos adaptamos a realidades más, que nos impõe dor, por vezes humilhantes e indignas. Isso se torna nosso conforto, pois aprendemos a viver uma vida ruim e nossa alma se vicia nisso ao ponto de não sabermos viver uma boa vida.

Passamos a crer na fatalidade e na fantasia. A fatalidade é afirmação de que nascemos para sofrer, de que a vida não pode ser melhor, de que não somos dignos de uma vida boa. A fantasia é o grito desesperado em meio a angústia de quem clama para que algo exterior mude tudo, nos tire da vida que vivemos, nem que seja a própria morte. É a esperança falsa de que pode ser hoje que alguma coisa aconteça para nos tirar da situação da qual não conseguimos sair sozinhos, à qual estamos adaptados, mas que no fundo sabemos que é ruim.

Quanto mais adaptados às situações, maior precisa ser o fator de mudança. Algumas vezes, uma tragédia. Somos então tirados de nosso conforto, por vezes com dor e perda significativa, e temos a impressão de que se trata de algo ruim. O que já era ruim, agora piorou.

Até que descobrimos que a perda, a dor, a partida, o fracasso, o escândalo, o flagrante, enfim, o fator exterior que mudou a situação não foi o mal, mas o bem que nos libertou da vida que vivíamos e que não teríamos coragem de abandonar, por mais que nos fizesse mal.

A alma não foi feita para o conforto, mas para o que tem significado. A morte do conforto é o início da vida.

(por Alexandre Robles)

-Como são grandes as riquezas de Deus! Como são profundos o seu conhecimento e a sua sabedoria! Quem pode explicar as suas decisões? Quem pode entender os seus planos? (Rm 11:33 - NTLH)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

MUDANÇAS

Mudanças são inevitáveis na vida, elas acontecerão mesmo que você não queira. Elas podem acontecer por causa de um planejamento nosso que prevê a sua necessidade. Essas são as mudanças mais fáceis de aceitar, visto que somos nós mesmos que a provocamos.

Mudanças podem acontecer de maneira esperada, ou seja, ao nos depararmos com uma circunstância qualquer podemos prever que uma mudança será necessária e nos preparamos para ela. Embora não a tenhamos desejado temos tempo para planejar e nos preparar para ela.

Mas existem mudanças que parece que nos atropelam. Elas vêm sem que planejemos e tão rápido que não temos tempo para nos preparar. Quando nos damos conta já não somos os mesmos ou não estamos mais na mesma situação. Restando-nos apenas a alternativa de nos adaptarmos rapidamente ao novo contexto para sofrermos menos os efeitos adversos dela.

Existem duas situações em que eu vejo que podemos sofrer sem necessidade em caso de mudanças. Uma é não aceitar a mudança e resistir a ela. Normalmente isso acontece quando não queremos mudar e Deus determina a mudança. Outra, um pouco mais complicada, é quando nós temos planos de mudança, mas Deus provoca outras mudanças em nossa vida que inviabilizam as nossos próprios planos. Ficamos frustrados com a impossibilidade de executar o que queremos e ainda temos de enfrentar a adaptação a uma mudança não desejada. Muitas vezes Deus faz isso para corrigir os nossos caminhos que, se estabelecidos, poderiam nos levar para longe dEle e dos Seus propósitos para nós.

Na história de José (Gênesis 37-45), em nenhum momento é registrado resistência, mas em todas as mudanças vemos que ele se adaptou a elas e tirou o melhor resultado que pôde. E fez isso até o dia em que Deus revelou o propósito por trás de todas as mudanças que ele passou na vida.

E você, está passando por uma mudança nesse momento em que está difícil entender o que Deus está fazendo? Descanse na confiança de que Deus é soberano e está levando você pelos caminhos dEle para cumprir o propósito maior da sua vida.

(por Vinícios Torres)

Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito (Romanos 8:28).

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O Piano

“Compor a música da nossa vida é geralmente um processo lento e trabalhoso. Com paciência, Deus trabalha para nos ensinar!”

Desejando encorajar o progresso de seu jovem filho ao piano, uma mãe levou seu pequeno filho a um concerto de Paderewski. Depois de sentarem, a mãe viu uma amiga na platéia e foi até ela para saudá-la. Tomando a oportunidade para explorar as maravilhas do teatro, o pequeno menino se levantou e eventualmente suas explorações o levaram a uma porta onde estava escrito: "PROIBIDA A ENTRADA".

Quando as luzes abaixaram e o concerto estava prestes a começar, a mãe retornou ao seu lugar e descobriu que seu filho não estava lá. De repente, as cortinas se abriram e as luzes caíram sobre um impressionante piano Steinway no centro do palco. Horrorizada, a mãe viu seu filho sentado ao teclado, inocentemente catando as notas de um minueto.

Naquele momento, o grande mestre de piano fez sua entrada, rapidamente foi ao piano, e sussurrou no ouvido do menino: -“Não pare, continue tocando”. Então, debruçando, Paderewski estendeu sua mão esquerda e começou a preencher a parte do baixo. Logo, colocou sua mão direita ao redor do menino e acrescentou um belo acompanhamento de melodia. Juntos, o velho mestre e o jovem noviço transformaram uma situação embaraçosa em uma experiência maravilhosamente criativa. O público estava perplexo.

É assim que as coisas são com Deus. O que podemos conseguir por conta própria mal vale mencionar. Fazemos o melhor possível, mas os resultados não são exatamente como uma música, graciosamente fluida. Mas, com as mãos do Mestre, as obras de nossas vidas verdadeiramente podem ser lindas. Na próxima vez que você se determinar a realizar grandes feitos, ouça atentamente. Você pode ouvir a voz do Mestre, sussurrando em seu ouvido: -"Não pare, continue tocando".

Sinta seus braços amorosos ao seu redor. Saiba que suas fortes mãos estão tocando o concerto de sua vida. Lembre-se, Deus não chama aqueles que são equipados. Ele equipa aqueles que são chamados. E Ele sempre estará lá para amar e guiar você a grandes coisas.

(Autor Desconhecido)

...Eu sou o Senhor teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar. (Is 48:17)

Eis que Deus é excelso em seu poder; quem ensina como Ele? (Jó 36:22)

Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade; une o meu coração ao temor do teu nome. (Sl 86:11)






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