domingo, 22 de novembro de 2009

“Não faça uma coisa dessas”

"O conselho é muito mal recebido pelos que dele mais necessitam, os ignorantes." (Leonardo da Vinci)

Mesmo que não seja levado a sério, o bom conselho não deve ser omitido, mas dado parcimoniosamente. Se for para tentar evitar a consumação de uma intenção pecaminosa, o alerta precisa ser dado com clareza e autoridade, mesmo que custe algum preço ao conselheiro.

Quando Joanã, o capitão dos judeus à época da tomada de Jerusalém pelo exército caldeu, ofereceu-se para matar Ismael em benefício da segurança de Gedalias, o governador disse-lhe de imediato: “Não faça uma coisa dessas” (Jr 40.16).

Quando o povo de Israel insistia em queimar incenso e prestar culto a outros deuses, por influência das nações vizinhas, os profetas, dia após dia, exortavam-no assim: “Não façam essa abominação detestável” (Jr 44.4).

Quando Amnon, o filho mais velho de Davi, fingiu estar doente para receber em seu apartamento a visita de Tamar, sua irmã por parte de pai, e fechou a porta para agarrá-la e deitar-se com ela, a moça gritou: “‘Não, meu irmão! Não me faça essa violência. Não se faz uma coisa dessas em Israel! Não cometa essa loucura’. Mas Amnon não quis ouvi-la e, sendo mais forte que ela, violentou-a” (2Sm 13.12-14).

Quando o governador romano Pôncio Pilatos, sentado em tribunal entre a cruz e a caldeirinha, pressionado pelo povo -- que, por sua vez, era pressionado pelos chefes dos sacerdotes -- hesitou a respeito da sorte de Jesus, sua mulher lhe enviou esta mensagem: “Não se envolva com este inocente, porque hoje, em sonho, sofri muito por causa dele” (Mt 27.19). Mas, assim como Amnon, Pilatos não seguiu o conselho da esposa e agiu contra o seu próprio senso de justiça.

Quando os sobreviventes do cerco e da tomada de Jerusalém pelo rei Nabucodonosor intentaram fugir para o Egito, o profeta Jeremias declarou-lhes solenemente: “Não vão para o Egito” (Jr 42.19). Mas eles desobedeceram e foram buscar a proteção do Faraó, que não valeu de nada.

Curiosamente, o ser humano está sujeito a receber e a recusar não só o bom, mas também o mau conselho. De um lado, alguns sopram em seus ouvidos: “Não faça uma coisa dessas”, “Não cometa essa loucura” ou “Não se envolva com este inocente”. De outro lado, há sempre alguém dando a voz de comando contrário. O conselho de Deus era para que o homem não comesse o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, mas a serpente aconselhou a mulher a comer, e Eva, depois de comer, deu-o a seu marido (Gn 2.15-17; 3.1-4). Foi Jonadabe, amigo e primo de Amnon, quem o aconselhou a fingir-se de doente para satisfazer sua paixão sexual por Tamar (2Sm 13.3-5). Foi Jezabel quem aconselhou o marido, Acabe, a tomar criminosamente a vinha de Nabote, que ficava ao lado do palácio, o que provocou o severo juízo de Deus (1Rs 21.1-16).

Essa dupla opção é oposta entre si. Uma persegue a outra. Muitas vezes, a voz de uma e a voz da outra saem do mesmo lugar e têm a mesma energia. A força do Espírito segreda de um lado “Não faça” e a força da carne segreda do outro “Faça”. É uma verdadeira guerra civil, que durará por toda a vida terrena.

(por: Pastoral - Ultimato)


Porém ele deixou o conselho que os anciãos lhe tinham aconselhado e teve conselho com os jovens que haviam crescido com ele, que estavam diante dele. (1 Reis 12:8 – Almeida Revista e Corrigida)

Como é feliz o homem que não vai atrás da opinião das pessoas desligadas de Deus, que não fica à toa na companhia dos pecadores, nem participa de rodinhas onde fazem pouco caso de Deus”. (Salmo 1:1 - Bíblia Viva)

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