domingo, 20 de abril de 2008

O tempo de Deus

TeMpO. S.m.: 1. A sucessão dos anos, dias, horas, etc., que envolve a noção do presente, passado e futuro. 2. Momento ou ocasião apropriada para que uma coisa se realize (Aurélio).

Em alguns momentos, temos a impressão de que Deus está muito distante como se estivesse indiferente às nossas necessidades, sem pressa alguma em nos atender. Surge, a partir daí, uma tensão, entre a nossa pressa e a aparente demora de Deus. O resultado, não raro, é a sensação de abandono, de agonia e de impotência total.

Há três reflexões que precisamos fazer nessas ocasiões...

1) A primeira, Deus não tem pressa! O agir de Deus como Senhor do tempo, da vida e da história é na exata medida de sua precisão. Ele é perfeito em tudo que faz. A pressa é própria do homem. Nossas neuroses não combinam com a paciência de Deus, sendo sempre bom lembrar que a nossa pressa não altera a ordem natural das coisas. O fluxo da vida é como o leito de um rio, que corre sozinho, sem pressa que ninguém precise apressá-lo.

2) Em segundo lugar, a aparente demora de Deus deve ser entendida por nós como um tempo pedagógico. Enquanto esperamos, Ele nos está ensinando algo. Muitas vezes, é na expectativa da espera que encontramos tempo para um mergulho em nossa interioridade, mudamos nossas percepções, refletimos sobre nossos valores, sentimentos e prioridades. Esperar origina uma forma de aprender. Quando esperamos por Deus, estamos aprendendo com ELE.

3) Uma terceira reflexão que deparamos no espaço do tempo entre a procura e a resposta, é que na vida nada melhor que um dia após o outro. O tempo sempre nos traz à luz aquilo que não conseguimos enxergar de imediato, porque a pressa encobre nossa visão. Conseqüentemente, a paciência produz a experiência, e a experiência nos conduz à esperança. Quem quiser colher frutos no futuro, precisa aprender a plantar esperança e paciência. Logo, por que apressar o rio se ele corre sozinho e naturalmente?

A cultura do imediato, das respostas prontas, da comida rápida e das demais neuroses que a sociedade moderna nos impõe, acaba roubando de nós a paciência, uma das virtudes mais indispensáveis para quem quer viver uma vida melhor, e colher os frutos de um amanhã salutar.

A vida desenvolve uma contínua construção, sempre inacabada, que exige repensar valores, vivenciar novos sentimentos, aprender novas lições, conquistar novos espaços e vislumbrar novos horizontes. A vida é pedagogia pura. Ela é um aprendizado forjado nas lições do cotidiano.

Deixemos, pois, que cada dia dê conta de si mesmo, e que despeje suas águas turvas, cheias de mazelas e tensões, sempre ao pôr do sol. Tenhamos sempre em mente que Deus está no controle de tudo, inclusive do tempo. Porque, então, apressar o rio? Siga o conselho de Jesus, o Mestre da vida: “Não andeis ansiosos pelo amanhã; basta a cada dia o seu mal”. Deus não tem pressa! Nós é que não sabemos viver.

(texto: Pr. Estevam Fernandes - PIBJP)


“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Eclesiastes 3:1).


Obs: O poema ao lado da ampulheta é um trecho de "O que há", de Álvaro de Campos (F.P.). "O poema, como um todo, exalta o tédio/cansaço do Homem moderno". O trecho, isoladamente, me soa como a ânsia de uma alma inquieta, que almeja, com pressa, muito mais do que os outros.

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