quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Desencorajado?

Todo ser humano enfrenta dificuldades. Scot Peck estava correto quando logo no início do seu best seller, “The Road Less Traveled”, declarou: “A vida é muito difícil”. O fato, porém, é que existem certas pessoas que parecem encarar as dificuldades da vida como um constante desafio, enquanto outras as interpretam como se estivessem constantemente sucumbindo frente à voracidade das lutas e dos problemas com que se defrontam.

A verdade é que, quando desencorajados, somos rapidamente tentados a responder a situações de uma maneira pela qual, um pouco mais à frente, muito possivelmente vamos nos arrepender. Em tempos de aflição nós nos isolamos, culpamos pessoas e situações, fazemos deduções negativas, desistimos ou até mesmo seguimos em frente, só que com todos esses sentimentos acima fervilhando em nosso ser oprimido e tumultuado.

Nas Escrituras lemos sobre pessoas que experimentaram grande desencorajamento. Examinemos alguns exemplos e vejamos a fonte de tal sentimento.

1 Raquel não podia ter filhos. Certo dia, em completo desespero e profundo desencorajamento ela exclama ao seu marido: “Da-me filhos, senão morrerei” (Genesis 30:1). O desencorajamento de Raquel veio como resultado de uma situação de ressentimento contra a qual ela não tinha nenhum controle para mudar.

2 Quando os israelitas ouviram que os cananeus eram gigantescos e que viviam em cidades fortificadas, “...eles se levantaram e gritaram em voz alta; e o povo chorou aquela noite” (Números 14:1). O desencorajamento deles lhes sobreveio em razão de comprarem a difícil situação frente a qual se encontravam com seus próprios recursos, em lugar de trazerem à memória a realidade dos recursos de Deus.

3 Quando os israelitas vagavam pelo deserto, diz a Bíblia que “...o povo se tornou impaciente no caminho” (Números 21:4). Como resultado eles ficaram desencorajados porque se focalizaram a tal ponto nas dificuldades que chegaram a perder de vista as promessas de Deus e suas provisões.

4 - Davi estava prestes a ser apedrejado por seus próprios homens, quando eles experimentaram profundo desencorajamento, motivado pela perda de sua família e de seus bens. A experiência “de chão” de Davi veio como fruto de haver experimentado a rejeição e a incompreensão daqueles a quem tanto amava. A boa notícia nesse episódio é que “Davi se reanimou no Senhor seu Deus” (I Samuel 30:6).

5 Elias chegou a um ponto tão extremo em seu desencorajamento que pediu até mesmo a morte para si (I Reis 19). Primeiro ele estava física e emocionalmente exausto. Segundo – este item talvez seja ainda mais significativo -, ele parecia indicar que estava indo em frente na obra de Deus, só que sem um sentido claro de direção do próprio Deus. A Bíblia registra que Elias foge a fim de proteger a própria vida. Entretanto, não havia nenhuma indicação de que essa era a indicação de Deus. Quantas não são as vezes, em nosso dia-a-dia, em que nos encontramos “queimados”, correndo desarvorados de um lado a outro, sem uma direção clara e definida!

6 Em seu profundo estado de desencorajamento, Jó declara: “Por que esperar se já não tenho mais forças? Por que prolongar a vida, se meu fim é certo?” (Jó 6:11). Pouco tempo depois vamos vê-lo fazendo uma outra pergunta e, desta vez, especificamente a Deus: “Parece-me bem que me oprimas, que rejeites a obra das tuas mãos e favoreças o conselho dos perversos?” (Jó 10:3). À luz dos sofrimentos de Jó, é possível que venhamos a acreditar que as suas considerações tem algum sentido, quando ele parece concluir que Deus não é justo em permitir que ele (Jó) tenha que experimentar tamanhos infortúnios.

7 Numa determinada ocasião, Neemias estava tão triste e deprimido que o rei Artaxerxes até mesmo o questionou sobre seu abatimento emocional. Neemias se sentia muito desencorajado porque via que a obra de Deus estava sofrendo um retrocesso. A reconstrução dos muros de Jerusalém era um projeto muito próximo do coração de Neemias, e ele diz ao rei: “Como não me estaria triste o rosto se a cidade, onde estão os sepulcros de meus pais, está assolada e tem as portas consumidas pelo fogo?” (Neemias 2:3). Quantas não são as pessoas que estão se sentindo completamente desencorajadas, porque seus projetos, aos quais deram a vida, se transformaram em nada?

Com base nesses sete contundentes exemplos bíblicos, podemos retirar algumas conclusões a fim de evitarmos certos desencorajamentos. Nós precisamos:

a Distinguir entre situações mutáveis e não mutáveis em nossa vida. Não mutáveis são aquelas condições que Deus está permitindo porque visam à concretização dos Seus propósitos.

b - Manter os olhos focalizados no poder de Deus e em Seus recursos.

c Rever as promessas de Deus e relembrar as maneiras em que Ele proveu no passado.

d Alegrar-se naquilo que Deus realmente é -, e para isso revendo Seus atributos.

e Esperar pelo tempo do Senhor. Grandes e importantes decisões não deveriam jamais ter como referencial o desencorajamento, a dúvida ou o medo.

f Ter certeza de que o Senhor é justo, bondoso e extremamente misericordioso, não importa qual seja a situação que venhamos a enfrentar.

g Compreender que aquilo que pode parecer um retrocesso pode – na realidade – ser a maneira de Deus nos mostrar grandes e melhores planos para o nosso próprio bem-estar e deleite.

(por Nélio DaSilva)

Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo (João 16:33).

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